No último dia 11 de outubro a Igreja celebrou a
abertura do Ano da Fé instituído pelo Santo Padre Bento XVI
para recordar o 50º aniversário do Concílio Vaticano II e os 20 anos da
publicação do Catecismo da Igreja Católica. Mas por que um Ano da Fé?
Qual a mensagem que o Papa deseja transmitir com esse Ano especial?
Enfim, o que significa a Fé Católica?
Vivemos num mundo onde o progresso e a técnica
ditam as regras da convivência social. É a geração da Internet, da comunicação
rápida, do consumismo e de um crescente individualismo. As virtudes cristãs
sobre as quais o Ocidente foi edificado parecem ter desaparecido. Ao assumir a
Cátedra de São Pedro em 2005, o Papa Bento XVI se propôs a recordar aos homens
deste início de século as três virtudes teologais e o lugar que elas ocupam na
vida da Igreja. Assim, no Natal de 2005 foi lançada a primeira encíclica
intitulada Deus Caritas Est, sobre o amor cristão. Em novembro de
2007 foi a vez da esperança com a encíclica Spe Salvi. E agora, em
2011, a Carta Apostólica Porta Fidei sobre a Fé. A preocupação
do Papa com o resgate dessas virtudes é flagrante e nos interpela diretamente.
Ao instituir o Ano da Fé, o Santo Padre
deseja que os conteúdos da Fé Católica, mormente os artigos do Credo, sejam
mais bem conhecidos e, portanto, a Fé encontre eco na vida dos fiéis. Não é
suficiente a recitação dominical da Profissão de Fé; é necessário conhecer o
que essa Profissão significa e o seu alcance na vida de cada homem. Não basta dizer
“Creio em um só Deus”, mas é necessário, como nos diz São Pedro, “dar as razões
da nossa esperança” (1Pd 3, 15). Não é suficiente professar e conhecer a Fé. É
necessário vivê-la! Não podemos ser ateus práticos que, embora tenham certa
religiosidade, vivem na prática como se Deus não existisse, isto é, os valores
cristãos não encontram eco na vida fora da igreja. Este Ano da Fé se
propõe a isso: fazer com que a Fé Católica divinamente revelada seja
reconhecida e apreciada por todos os fiéis a fim de que todos sintam a alegria
de participar da dignidade de filhos de um Pai comum.
Falando propriamente da Fé, é necessário distinguir
a Fé Católica dos demais “níveis” de fé. A Igreja não professa sua fé numa
energia ou num “Ser” transcendental qualquer. A Fé da Igreja conhece um Deus
pessoal, que tem nome e que Se deu a conhecer aos homens precisamente
fazendo-Se homem. É o mistério do Natal que há pouco celebramos: para
comunicar-Se aos homens de modo que pudesse ser compreendido por eles, Deus
assume a nossa humanidade e realiza oadmirabile commercium (o
admirável intercâmbio) como canta a liturgia. Cristo assume o que é nosso e nos
dá o que é Seu. Assume a nossa fragilidade para nos fortalecer. Ele que é
eterno, penetra o tempo, Ele que é onipotente, torna-Se limitado, e tudo isso
Ele o fez – como diz o Credo – “por nós homens e para a nossa salvação”.
No âmbito do Ano da Fé a Paróquia
de São Sebastião escolheu como tema da Festa deste ano: “São Sebastião, mártir
da Fé pela força do amor”. Sebastião viveu num tempo de duras perseguições
contra os filhos da Igreja e seu amor por Cristo o levou a derramar seu sangue
em defesa da Fé. Infelizmente hoje não é diferente. Existe um profundo espírito
anticristão no mundo. O Ocidente que nasceu sob a proteção da Santa Igreja
volta suas costas a ela, e, rejeitando-a, rejeita igualmente seu Fundador (cf.
Lc 10, 16). Também hoje somos todos convidados a fazer uma autêntica Profissão
de Fé não apenas com os lábios, mas com a própria vida. Se o martírio sangrento
ainda não se apresenta diante de nós, outros tipos de martírio batem à nossa
porta. E que martírios são esses? A indiferença, a discriminação, a
perseguição, o ódio e o deboche por causa da Fé. Em tudo isso, se pudermos
oferecer ao mundo um verdadeiro testemunho cristão, podemos ter a certeza de
que se cumprirá na nossa vida a sentença do Senhor: “Felizes os perseguidos por
causa da justiça, porque deles é o Reino dos Céus” (Mt 10, 10) e ouvir no fim
da vida, como certamente São Sebastião ouviu dos lábios do Redentor: “Servo bom
e fiel, entra na alegria do teu Senhor” (Mt 25, 21).
Desejo a todos uma Festa cheia de alegria, na qual
a devoção ao nosso excelso Padroeiro traga um renovado fortalecimento da nossa
Fé Católica e nos una cada vez mais, nestes dias felizes, para formarmos um
povo santo, uma raça eleita (cf. 1Pd 2, 9). Amém.
Marnnyson Thiago Fragoso de
Oliveira
Arquidiocese da Paraíba
Seminário Arquidiocesano da Paraíba Imaculada Conceição
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