Dom Paulo Mendes
Peixoto
Arcebispo de Uberaba, MG
O profeta
Isaías foi bem claro ao prever a chegada do Emanuel (Is 7,14). A realidade se
concretiza no Natal, quando o menino Jesus vem como fruto do “sopor de Deus”,
como o fogo que clareia e dá visibilidade ao projeto do Pai. A luz, que antes
fumegava e soltava fumaça, possibilita enxergar o mundo que nos cerca, tanto
suas sombras como também os sinais concretos de vida.
O
Emanuel, Deus conosco, significa a real presença de Deus no meio da humanidade.
Numa possível prática de aborto nos três primeiros meses de vida, tudo que foi
projetado ao longo do Antigo Testamento, teria caído por terra. Não haveria o
Natal, porque Aquele que foi gerado no seio de Maria foi podado pela
brutalidade de uma pena de morte sem nenhuma condição de autodefesa.
O que
vemos em José, pai adotivo de Jesus, e em Maria, a escolhida para ser mãe de
Deus, revela uma prática de justiça, de honestidade e de esperança no filho que
estava sendo esperado. Todo o cenário da Família de Nazaré foi sinal visível da
bondade do divino Pai para com os seus filhos. A presença de Deus dá às pessoas
uma dignidade que supera todas as fraquezas humanas.
Jesus, de
origem judaica, é a boa-nova anunciada pelas Escrituras sagradas dos judeus,
definido como Filho de Deus com poder acontecido a partir da ressurreição, da
sua vitória sobre a morte. A conclusão é que o crucificado é o Messias, que
nasce para realizar um projeto de vida para as pessoas. Por isto, a celebração
de seu nascimento é um compromisso de vida nova.
Na origem
de Jesus está a figura de Abraão, nosso pai na fé. A história registra a pessoa
do rei Davi, de cuja descendência nasce o Emanuel, que vem para salvar seu
povo. Não salvar de uma sociedade corrompida, mas provocar a sensibilidade do
coração humano para entender e assumir a misericórdia e o perdão de Deus. Jesus
indica o caminho da salvação como obediência ao Evangelho.
Dizemos
hoje, com toda convicção, que Jesus é a presença de Deus no meio das fraquezas
do mundo. Ele nos dá os critérios do reinado de Deus, todos eles fundamentados
na prática da justiça e da honestidade. Podemos concluir que a chegada do
Emanuel, fato celebrado todos os anos no dia do Natal, não é apenas
aniversário, mas reafirmação dos compromissos de vida digna para as pessoas.
Fonte: http://www.cnbb.org.br/index.php?option=com_content&view=article&id=19952:chegada-do-emanuel&catid=369&Itemid=204
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