Dom Adelar Baruffi
Bispo de Cruz Alta
Bispo de Cruz Alta
O tempo
do Advento, no qual os cristãos se preparam para a celebração do Natal de Nosso
Senhor Jesus Cristo, nos ensina a esperar. Como temos dificuldades de esperar!
Pessoas ficam ansiosas e perdem a paz com facilidade. Tudo está acelerado. O
que vale é o agora, o instante, que deve ser intenso e pleno. O Advento nos
educa a viver o tempo da espera. Diante dos olhos temos Jesus Cristo que, após
uma longa espera pelo povo da primeira Aliança, veio até nós, nascido da Virgem
Maria. Preparamo-nos para celebrar sua vinda entre nós, seu nascimento. Mas,
também, o Advento nos recorda que Cristo vem hoje, presente na sua Igreja, nas
pessoas, no mundo, nas famílias, nos sofredores e, como em Belém, procura “um
lugar”, alguém que o acolha. Em terceiro lugar, o Advento projeta nosso olhar
para o futuro, para o Cristo Ressuscitado, que, qual Juiz, virá um dia para
julgar os vivos e os mortos. Uma tríplice espera. Ele veio, Ele vem e Ele virá.
Que atitudes cultivar para esperar dignamente?
A
primeira atitude própria de quem espera é a vigilância. É a atitude semelhante
à da espera de um amigo. A vigilância oferece o conteúdo à espera, tornando-a
ativa e operosa. É uma espera de quem se sente comprometido a tudo preparar
para que a chegada do amigo não nos surpreenda. Não nos causa medo, mas nos
compromete com as obras de misericórdia (cf. Mt 25, 31-46). A vigilância também
indica a atitude de cuidado, para que “a casa não seja arrombada” (Mt 24,43). É
a atenção permanente sobre si mesmo, assumindo responsavelmente sua vida. A
vigilância, também, nos mostra sempre o quanto ainda precisamos crescer. Nos
faz ver os sinais do Reino de Deus presentes no mundo e, ao mesmo tempo, quanto
ainda o mundo é injusto, violento, excludente.
A segunda
atitude de quem espera é a oração. Ela é expressão da confiança em Deus que
caminha conosco, pois Ele veio até nós. A oração do Advento é uma oração
alegre. Ela expressa admiração, como nas conhecidas antífonas do “Ó” que
antecedem o Natal, e gratidão, como os pastores “que voltaram, glorificando e
louvando a Deus por tudo o que tinham visto e ouvido” (Lc 2,20). Somos
convidados, especialmente, a rezar com os grupos de reflexão, através do
material preparado pelo nosso Regional da CNBB, “Natal, a alegria do amor em
família”.
A
terceira atitude de quem espera é estar atento aos sinais. O Natal tem seus
símbolos próprios. Não deixemos que a sociedade de consumo nos roube estes
símbolos. Fixemos a estrela nas portas da casa, preparemos o presépio, deixemos
nosso lar com ares de festa e não esqueçamos o Menino Jesus. Não deixemos o
Papai Noel ocupar o lugar que não lhe pertence. Mas, sobretudo, os sinais se
manifestam nas pessoas, na acolhida, no perdão e na misericórdia.
A quarta
atitude própria da espera do Natal é a solidariedade. Ele “se fez pobre por
vós, a fim de vos enriquecer por sua pobreza” (2Cor 8,9). Veio ao encontro dos
pobres, nasceu pobre e viveu pobre. Não o aguardemos em Jerusalém. Se quisermos
encontrá-lo façamos o “êxodo” de nós mesmos em direção a Belém e Nazaré. Nos
gestos solidários, o rosto de Deus se manifesta.
Enfim,
esperemos ativamente o Natal. Esperemos pessoalmente. Esperemos em nossa
família, no nosso grupo de reflexão e em nossa comunidade de fé. “Vem, Senhor
Jesus” (Ap 22,20), nós te esperamos.
Nenhum comentário:
Postar um comentário