terça-feira, 27 de agosto de 2013

JMJ: o que esperar?

Os jovens presentes na JMJ clamavam: “esta é a juventude do Papa”. Percebia-se algo semelhante ao clamor do povo nas ruas, durante o mês de junho p.p. A juventude clama por mudanças, à espera de líderes aos quais se agreguem, orientando-se para os rumos de uma vida edificada em ideais sólidos, equidistantes do cansaço do bem-estar propagado pela sociedade de consumo. Em vista do lucro, a cultura da sociedade de consumo alicia as pessoas e as transforma em usuárias, dependentes, medíocres, inúteis. O prazer sem compromisso social destrói grandes ideais dos quais a juventude sempre é portadora, não obstante conflitos inevitáveis entre gerações. Faz parte do aprendizado.

A JMJ apostou nos jovens que se demonstraram abertos aos valores humanos e cristãos e se dispõem a assumi-los como princípios referenciais que os ajudam a construir a própria vida, constituir a sua família e edificar uma sociedade melhor. A JMJ apostou em quem aceita e acolhe os jovens. Muitos deles desejam retornar à vida cristã, pedindo acompanhamento no processo de conversão e compromisso de transformação. Impressionou-me o testemunho de jovens dados durante as catequeses. Alguns foram libertados do submundo das drogas e da vida leviana, por convite simples e corajoso de outros jovens. Para quem está numa pior, um convite para conhecer ambientes sadios, seguindo-se um acompanhamento sincero no caminho do bem e da verdade, faz toda a diferença. A alternativa da vida saudável vincula-se à aceitação das raízes familiares que, se antes foram desprezadas, agora se constituem como sentido para a vida.

A espiritualidade cristã motiva e incentiva muitos a recuperarem a alegria de pertencer a uma família e se inserir socialmente pela capacitação ao trabalho. A JMJ foi exemplar de oportunidades de reapresentar à juventude os ideais que lhes são próprios, não obstante o desvio do sono letárgico do consumismo que os alicia, da ideologia dos grupos de pressão tentando manipular a juventude, tentando fazê-la dependente de drogas e de reduzi-la à massa de manobra da violência. Percebo que nós, consagrados, primeiros responsáveis pela vida e missão evangelizadora da Igreja, devamos construir conjuntamente com os adolescentes e os jovens que buscam novo sentido para a vida. Não se trata se um planejamento estratégico único, mas de projetos alternativos, a partir do que eles esperam. O modelo de Igreja que eu tenho na cabeça não é o que muitos deles têm no coração. Porém os jovens pedem que estejamos junto a eles e que os orientemos. Assim também esperam que os governantes ofereçam-lhes oportunidades para o seu desenvolvimento integral. Estamos preparados para assumir a desafiadora missão?
Dom Aldo Pagotto
Arcebispo Metropolitano da Paraíba

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