segunda-feira, 12 de março de 2012

O JEJUM CRISTÃO
A espiritualidade quaresmal apóia-se em três colunas principais: o jejum, a oração e a esmola. É sobre a primeira que desejo oferecer-vos um breve comentário. Desde o judaísmo, o jejum é uma prática ligada à penitência e ao sacrifício – quer pessoal, quer coletivo – para alcançar de Deus o pleno perdão dos pecados.
Também a Igreja, o novo povo de Deus, incorporou o jejum às suas práticas penitenciais, por ter sido tão vivamente recomendado e até praticado pelo Divino Redentor, como no episódio que precede as tentações (cf. Mt 4, 2). A prática do Jejum, consagrada por Jesus tornou-se um dos cinco mandamentos da Igreja, como nos diz o Catecismo ao afirmar que o cristão deve “jejuar e abster-se de carne, conforme manda a Santa Mãe Igreja” (n. 2043).
Também os Santos Padres não cessaram de elogiar e recomendar a prática do jejum, como Santo Agostinho que no seu sermão sobre a oração e o jejum escreve: “A abstinência purifica a alma, eleva a mente, subordina a carne ao espírito, cria um coração humilde e contrito, espalha as nuvens da concupiscência, extingue o fogo da luxúria e acende a verdadeira luz da castidade”.
O Código de Direito Canônico prescreve que os fiéis católicos a partir dos 14 anos até os 60 anos de idade estão obrigados ao jejum nos dias penitenciais que, “em toda a Igreja, são todas as sextas-feiras do ano e o tempo da quaresma” (Cân. 1250). Esta obrigação, contudo, não deve ser vista como um ato autoritário, mas como uma viva recomendação do Magistério a fim de preservar a espiritualidade cristã. A Santa Igreja, encarregada por Deus da nossa santificação, não cessa de chamar os seus filhos à conversão, e este apelo se faz ainda mais urgente no tempo da Santa Quaresma.
O jejum deve ser vivido como participação na vida da Igreja e no mistério de Jesus Cristo. Ele mesmo nos exorta no Evangelho de São Mateus: “Quando jejuardes, não fiqueis com o rosto triste como os hipócritas. Eles desfiguram o rosto, para que os homens vejam que estão jejuando... tu, porém, quando jejuardes perfuma a cabeça e lava o rosto, para que os homens não vejam que tu estás jejuando, mas somente teu Pai, que está oculto. E o teu Pai, que vê o que está escondido, te dará a recompensa” (Mt 6, 16-18). E São Leão Magno complementa dizendo: “O cristão deve jejuar não somente reduzindo os alimentos, mas, sobretudo, abstendo-se do pecado” (6º sermão sobre a Quaresma).
Vivamos por este tempo favorável, este dia da salvação, como nos exorta o Apóstolo (cf. 2 Cor 6, 2), com moderação e profunda contrição para que o Senhor nos encontre dignos de celebrar a Sua Páscoa.  
                                                                                           Marnnyson Thiago Fragoso de Oliveira
Seminarista da Arquidiocese da Paraíba

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